06/03/2016

Constantino e a Incorporação da Idolatria Politeísta Pagã na Igreja Romana

Por Israel C. S. Rocha.

Desde os primórdios da civilização há politeístas - pessoas cuja fé é baseada na adoração a vários deuses - e idólatras - crentes cuja fé se fundamenta na criação de estatuetas para culto ou reverência. A Grécia antiga era politeísta e idólatra e essa herança se enraizou profundamente em certos corações até os dias de hoje. A Grécia antiga adorava a vários deuses, como:

  • Zeus - pai dos deus e dos homens;
  • Atena: sabedoria; guerra; justiça e artes;
  • Afrodite: amor;
  • Ares: guerra;
  • Hades: mundo dos mortos e do subterrâneo;
  • Hera: protetora das mulheres; do casamento e do nascimento;
  • Poseidon: mares e oceanos;
  • Eros: amor, paixão...

Tenho por certo que tais figuras mitológicas são as "sentinelas" narradas em detalhe por Enoque em seu livro. Sentinelas são "anjos que não guardaram o seu principado (Judas 1:6)", "tendo ido após outra carne (Judas 1:7)", coabitando com mulheres e gerando-lhes filhos (Gênesis 6:4).

E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno. (Judas 1:6,7)
Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama. (Gênesis 6:4)

O livro de Enoque é tido por apócrifo, porém, Enoque é mencionado 15 vezes no Velho Testamento e 3 vezes no Novo, como por exemplo em:

E viveu Jerede cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque. E viveu Enoque sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. (Gênesis 5:18,21 e 23)
E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos. (Judas 1:14)
Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus. (Hebreus 11:5)

Ademais, Enoque foi o sétimo homem após a criação, "foi trasladado para não ver a morte" e os escritos atribuídos a ele se alinham perfeitamente às Sagradas Escrituras. Enquanto que certas passagens bíblicas sumarizam o tema da coabitação entre anjos e mulheres (v. Judas e Gênesis 6), Enoque narra em detalhes:

E aconteceu depois que os filhos dos homens se multiplicaram naqueles dias, nasceram-lhe filhas, elegantes e belas. E quando os anjos, os filhos dos céus, viram-nas, enamoraram-se delas, dizendo uns para os outros: Vinde, selecionemos para nós mesmos esposas da progênie dos homens, e geremos filhos.

Então seu líder Samyaza disse-lhes: Eu temo que talvez possais indispor-vos na realização deste empreendimento; E que só eu sofrerei por tão grave crime. Mas eles responderam-lhe e disseram: Nós todos juramos. (Enoque 7:1-5)

Os descendentes dessa coabitação, os híbridos, foram os homens de fama da antiguidade (Gênesis 6), os semideuses mitológicos.

O Deus de Abraão

Porém, o povo hebreu, descendência de Abraão, de Isaque e Jacó, conheciam ao único e verdadeiro Deus, o Deus da criação, o Deus que falava com Adão e Eva no Éden antes da grande queda. O Deus que se revelou a Moisés dizendo:

Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. (Êxodo 3:6)

E também ao profeta Isaías:

Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. (Isaías 44:6)
Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças. (Isaías 45:5)
Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. (Isaías 45:6)

O Deus de Abraão, condenava a construção de ídolos

Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. (Deuteronômio 5:8)

Mas os povos pagãos, adoradores do Sol, veneram seus deuses representados por estatuetas à imagem de figuras humanas e animalescas:

E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. (Romanos 1:23)

Deuses descritos pelo salmista Davi como:

Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam. (Salmos 115:1-8)

Todo esse paganismo se infiltrou sincreticamente no cristianismo sob a ação de Constantino.

O Catolicismo de Constantino

Trezentos anos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, o cristianismo cresceu vertiginosamente - com mais derramamento de sangue: dos mártires. E começou a haver conflito religioso entre cristãos e pagãos que se agravou ao ponto de quase dividir Roma. Essa instabilidade levou o imperador romano Constantino, em 321 d.C. a agir em prol da unificação de Roma sob uma única religião: o Catolicismo Romano. Para tanto, foram adotadas por ele algumas estratégias para facilitar a conversão dos pagãos adoradores do Sol em 'cristãos':

  • O dia do Senhor foi "transferido para o domingo"
  • Em 7 de março de 321 d.C. Constantino estabeleceu o domingo como 'dia do Senhor', o Dia do Sol (Sunday). Por um edito, Constantino estabeleceu:

    Que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu.

    A Igreja Católica oficializou o domingo, como dia do Senhor, em 325 d.C, através do Concílio de Laodicéia.

  • Símbolos, datas festivas e rituais pagãos foram incorporados.

Um século e meio depois ao Edito de Constantino, em 431 d.C., no Concílio Geral de Éfeso, a celeuma acerca das naturezas divina e humana de Jesus levou o catolicismo romano a dar os primeiros passos para o estabelecimento do dogma de Maria como “Mãe de Deus” - o culto mariano.

Maria e o menino Jesus foram estabelecidos à semelhança de Semíramis ou Diana (deusa-mãe) e Tamuz (deus-filho) juntamente com Nimrod (deus-pai) do panteão babilônico. Tais deuses também foram adorados no Egito antigo como a tríade , Ísis e Hórus.

Com a ascenção dos impérios grego e romano, a tríade de adoração pagã se transmutou em Zeus (Júpiter), Afrodite (Vênus) e Eros e em virtude do sincretismo promovido por Constantino, Semíramis e Tamuz foram incorporados ao panteão católico romano como Maria e o menino Jesus, porém, mais à imagem de Irene e Pluto do que Afrodite e Eros.

Da esq. para a direita: Semíramis e Tamuz, Ísis e Hórus, Irene e Pluto; e Maria e o menino Jesus.

A adoração à Tamuz e ao deus-sol é mencionada no livro de Ezequiel como uma abominação aos olhos de Deus:

E levou-me à entrada da porta da casa do Senhor, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando a Tamuz. E disse-me: Vês isto, filho do homem? Ainda tornarás a ver abominações maiores do que estas. E levou-me para o átrio interior da casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor, e com os rostos para o oriente; e eles, virados para o oriente adoravam o sol. (Ezequiel 8:14-16)

O Catolicismo se tornou desta forma, uma religião híbrida e agradável a pagãos e cristãos. O verdadeiro evangelho livre de idolatria e simbologias pagãs foi diluído e dissolvido ao ponto de ser compatível com a fé politeísta.

Maria foi uma santa mulher, separada por Deus para dar a luz seu Filho para cumprimento do divino Propósito da Salvação mediante expiação pelo Sangue de Jesus na Cruz do Calvário. É uma santa mulher porém indigna da exclusiva adoração ao verdadeiro e zeloso Deus.

Os católicos sinceros defendem que não há adoração a imagens no Catolicismo genuíno atual, o que acredito ser verdade, mas, não é a realidade mostrada por muitos praticantes que veneram mais a Maria que Jesus, que choram ao ver sua estatueta e tentam tocá-la como a mulher que tocou nas vestes de Jesus e foi curada (Mateus 9). E como vimos, a simples construção de tais esculturas constitui ofensa a Deus.

Porque não te inclinarás diante de outro deus; pois o nome do Senhor é Zeloso; é um Deus zeloso. (Êxodo 34:14)

Jesus é Tamuz?

Como vimos, o Deus de toda a criação falava com Adão no Éden e se revelou a Abraão, Isaías, Moisés dentre outros. Esse Deus tinha um filho unigênito: Jesus - na verdade Yeshua (transliterado do hebraico ישוע/יֵשׁוּעַ).

Jesus veio ao mundo como o messias, o cristo que padeceu como sacrifício substitutivo pelos pecados dos eleitos, e assim, n'Ele os tais foram feitos filhos por adoção em Jesus Cristo, o primogênito filho, redentor de muitos.

O Pai, o Filho Jesus e o Espírito Santo são o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus da criação. Jesus não é Tamuz! As tríades egípcias, babilônicas, greco-romanas... são um engodo para desviar-nos da Verdade. Um engodo que só pode ter sido criado pelo maior e mais poderoso Enganador, a Serpente, o Grande Dragão que desde o Éden engana os homens os fazendo desviar do caminho de Deus: Lúcifer, o outrora querubim ungido.

Muitos descreem em Jesus pelo paralelismo que há com Tamuz e Hórus. Foram enganados pela Serpente. Tal como Eva, foram levados por sua lábia para longe de Deus.

Cristo e o cristianismo

Nenhuma religião é perfeita. Nenhuma, se analisada à luz do evangelho, passa incólume. Por isso há de se buscar, individualmente e até o último suspiro, a verdade, por meio do minucioso estudo da Bíblia mediante discernimento dado pelo Espírito Santo, com orações e súplicas a Deus.

Tão logo conheçamos a verdade, precisamos deixar os velhos hábitos e mudar. A caminhada cristã só termina quando o Senhor nos recolhe para si. Deixemos as superstições pagãs de lado e abracemos o verdadeiro evangelho de Cristo adorando somente e exclusivamente ao Deus de Abraão, de Isaque, de Jacó, o Deus dos filhos por adoção em Jesus Cristo.

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade. (Efésios 1:4,5)

Maranata!